sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cuidado com os golpes do centro

Bairro da Campina vira foco de ação de descuidistas, golpistas e assaltantes em épocas de grande movimento. PM promete intensificar policiamento à paisana.

GUTO LOBATO
Da Redação

Todo mundo sabe que, com a chegada do período de festas de final de ano, o movimento financeiro no centro de Belém tende a aumentar. O problema é que os furtos, roubos e crimes de estelionato registrados na Seccional Urbana do Comércio crescem na mesma proporção. Tradicionalmente responsável por um grande volume de ocorrências, seja qual for a época do ano, o bairro da Campina, que compreende a área de comércio da capital, é o principal foco da ação de golpistas e descuidistas; por isso, é preciso estar atento à hora de frequentar lojas e agências bancárias, para evitar furtos, e tomar todo o cuidado para não cair nas mãos de estelionatários.

A dica parece clichê, mas reflete a maioria dos esforços atuais das polícias Civil (PC) e Militar (PM) que atuam no Comércio. Isso porque alguns golpes antigos, como o "conto do Paco" e o "Bilhete premiado", continuam enganando muita gente, sobretudo quem não está habituado à lábia dos oportunistas de plantão. O fato surpreendente é que, por vezes, os prejuízos conseguem ser iguais ou até superiores aos de um furto ou assalto à mão armada.

Na terça-feira passada, uma dupla de estelionatários foi presa pela PM, sob a acusação de ter aplicado uma mistura dos golpes do "Paco" e do "Bilhete premiado" contra uma mulher que viera do interior para fazer compras. O golpe funcionou da seguinte forma: o acusado Marcos de Oliveira Barros abordou a vítima na rua Campos Sales e a convenceu de que ele tinha o direito de buscar um prêmio lotérico. Em seguida chegou Valdecir Fernandes, o outro golpista, que confirmou a informação. Porém, Marcos não teria como ir ao suposto endereço onde o prêmio seria resgatado, pedindo ajuda à vítima.

Ela entregou os R$ 100 que trouxera do interior na mão dos bandidos, como garantia de confiança, recebendo em troca um pacote, e seguiu até o endereço fornecido. Era uma agência bancária que fechou há meses. O pacote que a vítima havia recebido dos bandidos, que era de pano e escondia seu conteúdo, continha R$ 8 em dinheiro e vários papéis dobrados. Por sorte, policiais militares à paisana acompanharam a ação e conseguiram prender a dupla em flagrante alguns quarteirões adiante.

Como as vítimas só têm aumentado nos últimos meses, vale lembrar: o "Paco" é geralmente praticado por duas pessoas. No começo, uma delas deixa cair um pacote de dinheiro no chão, bem perto da vítima. Quando esta vai pegá-lo no chão, outra pessoa chega e a convida para dividir o dinheiro. Em seguida, o suposto "dono" - que observou toda a ação - volta para pegá-lo e decide recompensar a dupla por tê-lo guardado. Só que a vítima tem de se prontificar a dar sua carteira, bolsa ou dinheiro como garantia, já que parte do valor precisa ser entregue e/ou recuperado em um endereço.

Quando ela chega ao local combinado, descobre que a recompensa e a quantia deixada em suas mãos, dentro de uma sacola fosca, são falsas. "Como todo estelionato, estes golpes têm relação direta com o interesse em se dar bem, em obter lucro fácil, de ambas as partes. Por isso dizemos que é um tipo de crime cujo sucesso depende da ganância e ingenuidade da vítima", afirma o capitão Vicente Neto, comandante da 6ª Zona de Policiamento (Zpol) da PM. "As vítimas não são apenas pessoas de baixa instrução formal, como muita gente pensa. São maioria, sim, mas tem muita gente esclarecida que também cai na lábia dos bandidos. Já tivemos casos de gente que perdeu R$ 9 mil nessa situação", complementa.

"Bilhete premiado" e "promoção falsa" também são comuns

Outra modalidade bastante comum é a do "Bilhete premiado". Fingindo-se ingênuo e desinformado - muitas vezes dizendo ter vindo do interior -, o golpista aborda uma vítima e pede ajuda para resgatar o valor de um bilhete premiado. Em seguida aparece outro bandido, desta vez bem vestido e de boa aparência, oferecendo comprar o tal bilhete. Empolgada, a vítima participa do esquema e descobre ter em mãos um papel falso - muitas vezes, um bilhete lotérico de numeração "fria" ou falsificada.

Há uma variação: pedir à vítima que resgate o valor em um endereço falso, deixando objetos pessoais, bolsa e até cartões como garantia - como no caso de terça-feira passada. Para escapar desses golpes, segundo o comandante da 6ª Zpol da PM, a melhor medida é ter o pensamento pragmático e realista. "É só refletir: se você tivesse um bilhete premiado, ia querer dividir com alguém? Se a pessoa não sabe como resgatar o valor, pode pedir ajuda para a polícia, para os funcionários de casas lotéricas e bancos, que não vão 'receber' pela ajuda", diz o capitão Vicente.

A equipe de policiamento "velado" - leia-se à paisana - da 6ª Zpol também já identificou outro tipo de golpe praticado no comércio de Belém. As vítimas geralmente são ribeirinhos que vêm à capital para fazer compras de roupas e aparelhos eletrônicos. Os golpistas ficam às proximidades do mercado do Ver-o-Pêso, abordam as vítimas de aparência mais ingênua e oferecem para ajudar em suas compras, garantindo preços promocionais em troca de uma pequena comissão.

Como a maioria das lojas do centro de Belém possui mais de uma saída, os golpistas deixam suas vítimas em uma delas e escapam com o dingeiro, sem deixar pistas. Em agosto deste ano, um freteiro natural da Ilha das Onças foi vitimado pelo golpe; porém uma equipe coordenada pelo cabo Lúcio, do policiamento velado, acompanhou a situação e fez a prisão do acusado - um feirante de 39 anos de idade. "A orientação para quem anda pelo comércio é, sempre, desconfiar de tudo e de todos", diz o policial.

Policiamento velado terá efetivo ampliado

Atualmente, o principal investimento da polícia em coibir a ação de golpistas e furtadores na zona comercial da cidade é o policiamento velado, que já atua na área desde o ano de 2007. De lá para cá, PMs da 6ª Zpol têm feito treinamentos para, gradualmente, serem transferidos ao destacamento, que atua de forma silenciosa nos principais pontos de criminalidade da área. Atualmente, 15 PMs atuam nessa modalidade, divididos em duas escalas de plantão que cobrem os bairros da Campina, Cidade Velha, Umarizal e Reduto.

A intenção, no entanto, é ampliar esse efetivo em breve. "Estamos com a expectativa de pôr pelo menos mais uns doze agentes nas ruas no ano que vem. Para isso, vamos dispor do efetivo que vai entrar em breve com o novo concurso da PM do Estado", diz o capitão Vicente Neto. "Nossa intenção é trabalhar, de forma conjunta, com o policiamento velado e o ostensivo. Dessa forma, vamos reduzir os indicadores preocupantes que a área comercial de Belém possui, tanto em golpes e furtos quanto em assaltos à mão armada, 'saidinhas' e por aí vai", complementa.

Situado entre os cinco bairros com maior índice de criminalidade da capital do Estado, a Campina registrou, somente em 2008, 5.046 ocorrências, segundo dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp). O número quase empata com o de bairros como Coqueiro e Pedreira, perdendo apenas para o Guamá, com suas 7 mil ocorrências anuais. O número é ainda mais surpreendente quando cruzado com os dados da 6ª Zpol, referentes, somente, aos meses de janeiro a outubro de 2008: 2.145 das ocorrências registradas pela PM na Campina envolvem o crime de roubo (veja quadro).

A comparação com 2007, em que houve "apenas" 743 ocorrências, indica um verdadeiro surto de criminalidade no ano passado. Os dados estão sendo revertidos, porém com dificuldade: no mesmo período deste ano, foram 1.972 ocorrências. Até agora, o mês de novembro acumula 145 registros. "Já é um indicativo de que o modelo de policiamento velado surte efeito quando unido à polícia ostensiva. E nós já estamos prontos para esses últimos 40, 45 dias de 2009. É uma época em que as ocorrências dão um salto, mas vamos controlá-las", garante o capitão Vicente.

Criatividade dos golpistas e furtadores não tem limites

Parece clichê, mas é verdade: a criatividade de quem está envolvido com o mundo do crime não possui limites. Quem trabalha no policiamento da zona comercial de Belém já se deparou com situações, no mínimo, curiosas - um bom exemplo é a nova técnica para furtar objetos de lojas, descoberta pela polícia recentemente. Trata-se do uso de bolsas de papel alumínio e durex para guardar objetos roubados e despistar sensores.

Os bandidos entram nas lojas carregando as bolsas dentro de pastas ou sacolas e, quando a situação permite, colocam algum produto lá dentro. A proteção do alumínio ajuda a evitar os sensores que ficam à porta das lojas. "Por isso que dizemos que não só os transeuntes, como também os vendedores, precisam ficar atentos. O crime migra para onde há oportunidade, então é normal que áreas de muito movimento estejam cheias de descuidistas e autores de furtos desse tipo", aponta o cabo Miranda, do policiamento velado da 6ª Zpol.

Não é preciso muito trabalho para ouvir relatos do tipo nas lojas do Comércio. Um gerente de loja da travessa Frutuoso Guimarães, que prefere ter sua identidade preservada, relata já ter visto todo tipo de crime transcorrer dentro do estabelecimento. "Já flagramos gente tentando sumir com coisas da prateleira, gente roubando carteira e bolsa de cliente, gente tentando fazer 'conto do Paco' aqui dentro. Infelizmente, não temos funcionários para vigiar todo mundo que entra e sai da loja", relata.

Segundo o gerente, uma das vantagens para controlar a ação criminosa, atualmente, é a proximidade da loja com a Seccional Urbana do Comércio. "Temos o apoio da polícia, mas infelizmente não depende só deles. Quem furta e aplica golpes nessa área é oportunista, sabe aonde ir e quem enganar. Mas já estamos com as atenções redobradas por conta do período de festas. Vamos pôr mais gente na porta da loja, prestar bastante atenção em quem entra", garante.

Estatísticas de roubos na zona comercial
Período: Janeiro a outubro
Fonte: 6ª Zpol/PM

Bairros: Campina, Umarizal, Cidade Velha e Reduto


2007 - 1.688
2008 - 4.186
2009 - 3.827

Bairro: Campina

2007 - 743
2008 - 2.145
2009 - 1.972

Algumas dicas de segurança

- Desconfie de propostas mirabolantes: Cartões e bilhetes premiados, prêmios milionários, garantias de recompensa - desconfie de tudo isso. Se alguém chegar com propostas fascinantes e lhe pedir quantias em garantia, é melhor estar sempre com um pé atrás e desconversar. Em caso de insistência, procure a polícia e/ou a guarda municipal para denunciar;

- Cuidado com os "descuidistas": Esses vão muito além dos batedores de carteira. Tem gente que consegue levar até bolsa e porta-cédulas sem que você perceba - tudo com uma leve esbarrada em uma rua movimentada ou no corredor de uma loja. Os descuidistas geralmente carregam bolsas onde guardam seus objetos furtados. Se você for lojista, por sinal, fica a fica: bolsas revestidas de papel alumínio já são usadas para despistar os sensores de mercadorias que ficam à porta dos estabelecimentos;

- Evite andar com (e exibir) muito dinheiro vivo: Assaltos e furtos são comuns no Comércio por conta da grande circulação de dinheiro. Os golpes, por sua vez, costumam ser praticados contra pessoas de aparência inocente/distraída e que estejam no local fazendo compras. Procure chamar o mínimo de atenção possível, dividindo os gastos entre o cartão de débito/crédito e o dinheiro vivo. Dessa forma, a investida de golpistas e bandidos pode ficar bem menor;

- Comunique e registre suas denúncias: Em caso de você ver ou ser vitimado por um golpe nos moldes do "Paco", do "Bilhete premiado" ou da "promoção falsa", não hesite em procurar as polícias Civil (PC) e Militar (PM). Mais vergonhoso que ter caído na lábia dos bandidos é deixá-los escapar ilesos do delito. O procedimento correto é registrar a ocorrência - que ajudará na hora dos mapeamentos e estatísticas - e tentar dar o máximo de apoio à investigação;

- Cuidado com as agências bancárias: Não só pelos golpes, mas pelos assaltos e "saidinhas", os bancos da região central são especialmente perigosos e suscetíveis ao crime. Tome cuidado à hora em que for ao caixa - repare se não está sendo seguido, se ninguém está de olho em sua tela e se não há nenhuma alteração no aparelho. Se alguém suspeito começar a bater papo com você na fila, muito cuidado para não se deixar levar. Há, também, casos de cartões que ficam retidos nos caixas após a implantação de dispositivos clonadores.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Avenida vira foco de criminalidade

Apesar de dar rápido acesso ao centro, Pedro Álvares Cabral é cada vez menos utilizada por motoristas assustados com a violência

GUTO LOBATO
Da Redação


Traçado mal sinalizado, tráfego intenso e em alta velocidade, acesso "privilegiado" a focos de criminalidade e ocupação desordenada à beira da pista. Muitos são os motivos que fazem da Pedro Álvares Cabral, uma das mais extensas e importantes avenidas de Belém, destino perigoso para pedestres, motoristas, ciclistas, comerciantes e até mesmo policiais. Mesmo com o traçado da via, que oferece uma boa alternativa para ir do centro da capital até o Entroncamento, muita gente evita utilizá-la, com medo de virar alvo de bandidos. Não sem motivo: além de figurar no topo das estatísticas de acidentes do Departamento de Trânsito do Estado (Detran/PA), a avenida se tornou ponto recorrente de assaltos à mão armada - em especial no período noturno e em pontos críticos nos bairros da Sacramenta e Barreiro.

A Pedro Álvares Cabral possui 8,5 km de extensão e se estende do complexo do Entroncamento até a avenida Visconde de Souza Franco, a Doca. É a maior avenida de Belém em extensão - a Almirante Barroso, por exemplo, tem "apenas" 6 km - e uma das rotas mais rápidas de acesso ao centro da cidade. Seu trajeto corta os bairros da Marambaia, Val-de-Cães, Sacramenta, Barreiro, Telégrafo e Umarizal, mas se concentra especialmente na Sacramenta e no Barreiro. É onde se registra, também, a maioria de suas ocorrências policiais.

Nos últimos meses, o volume de ocorrências registradas na avenida - entre agressões físicas, assaltos à mão armada e até homicídios - cresceu assustadoramente e virou motivo de preocupação para as polícias Civil (PC) e Militar (PM) que atuam na área. O ponto mais preocupante é o que se estende da esquina com a passagem São Benedito até a esquina com a rodovia Artur Bernardes. Em ambas, há semáforos que se tornam pontos de arrastões. Segundo denúncias feitas pela própria população, grupos de adolescentes armados estariam agindo no local a mando de chefões locais do crime.

Tanto a PC quanto a PM reconhecem que mais de 90% dos que cometem crimes na área são menores de 18 anos. O motivo: a punição mais branda a que são submetidos, com base nos preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Temos pelo menos uns vinte adolescentes que atuam na área e já foram identificados por nós. Só que, quando conseguimos apreendê-los, é nosso papel encaminhá-los para a Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data)", assinala o delegado Sérvulo Cabral, da Seccional Urbana da Sacramenta. "Os manda-chuvas dão armas e instruções para esses jovens por saberem que eles logo são soltos. Nós da polícia também sabemos que, em muitos casos, eles serão entregues à família dali a alguns dias, já que a legislação é mais branda. Não demora para que voltem a delinquir", complementa.

Câmeras flagram audácia de assaltantes

A ação dos bandidos no perímetro começou a ser monitorada há poucos meses por um sistema de câmeras instalado pelo Centro Integrado de Operações (Ciop). Os aparelhos foram instalados na esquina da passagem São Benedito com a Pedro Álvares Cabral, onde há um semáforo; as imagens reveladas a partir daí ganharam destaque na imprensa por mostrar a audácia dos assaltantes. Assaltos e arrastões a qualquer hora do dia viraram rotina no local. "A verdade é que eles agem a qualquer hora e sem medo de serem flagrados. Foi isso que identificamos a partir do monitoramento por câmeras. Com a instalação desses instrumentos na esquina da São Benedito, no entanto, os criminosos mudaram para as esquinas da passagem Santa Rosa e da Ponte do Barreiro, um pouco mais a frente", assinala Cabral.

Segundo o delegado, o trabalho conjunto da PC e da PM resultou em um mapeamento dos pontos de maior incidência criminosa nos arredores da Pedro Álvares Cabral. Porém, pesa contra as investigações o fato de que muitas vítimas de assalto hesitam em registrar ocorrência na polícia. É por conta disso que não há estatísticas oficiais sobre a insegurança na via. Fora os pontos de assalto já citados, há de se destacar a "Ponte do Jacaré", na rodovia Artur Bernardes, e praticamente toda a extensão do Canal São Joaquim, onde dezenas de assaltos são praticados em escala semanal. Em todos os casos, há passagens e becos que ligam as vias aos esconderijos dos bandidos, o que complica a vida dos policiais à hora de fazer uma prisão em flagrante.

Mesmo assim, Sérvulo Cabral reforça que a impressão de que haveria grupos organizados atuando nessas áreas não corresponde à realidade. "A verdade é que estamos lidando com a ação fragmentada de vários criminosos, e não com uma organização ou facção. Os ladrões simplesmente se concentram naquelas áreas pela praticidade e pela grande quantidade de vítimas; porém, não combinam suas ações. No caso da Pedro Álvares Cabral, isso ocorre pelo fato de a avenida ter vários acessos a becos e passagens, bons pontos de escape", diz. "Infelizmente, o resultado é um sub-aproveitamento da via pelos motoristas. Muita gente deixa de utilizá-la com medo de ser vítima de crimes, mesmo em horários de pico", reconhece o diretor da Seccional da Sacramenta.

Avenida seria rota alternativa, não fosse o perigo

Por conta de sua extensão privilegiada, a Pedro Álvares Cabral tem todas as vantagens de uma rota alternativa entre o Entroncamento e o centro. Seu trajeto possui poucos sinais, a pista é larga e não exige conversões e desvios por parte do motorista - diferentemente de percursos que passam por avenidas como Almirante Barroso e João Paulo II, por exemplo, que demandam o uso de vias transversais para sair de bairros da zona central. Em resumo, é uma avenida que sai do Umarizal e desemboca na saída da capital, sem grandes desvios ou cruzamentos.

Com o binário estabelecido entre ela e Senador Lemos, seu uso para quem volta do Entroncamento seria estratégico para fugir do engarrafamento na Almirante Barroso. Seria, caso o medo de pegá-la, mesmo em horários de grande movimento, não fosse tão grande. "Tenho pavor da Pedro Álvares Cabral a qualquer hora do dia, mesmo às seis da tarde. Não passo por lá por nada nesse mundo. Fico no engarrafamento, mas não desvio por lá", diz a jovem Bianca Teixeira, que estuda em uma universidade particular de Ananindeua e reside no centro de Belém.

Acostumada a fazer o trajeto de retorno ao centro todos os dias, Bianca identifica os cruzamentos com a avenida Júlio César e a área da ponte do Barreiro como os pontos mais críticos da Pedro Álvares Cabral - no primeiro, inclusive, ela chegou a presenciar um arrastão quando voltava do Aeroporto de Val-de-Cans, há alguns meses. Nem mesmo as obras do projeto Ação Metrópole, que extinguiram o semáforo da esquina, parecem ser capazes de resolver o perigo, ao ver da jovem. "A rotatória que puseram lá não vai impedir muita coisa. Assalto que é assalto ocorre a qualquer hora", diz. "Nem velocidade alta evita crimes em nossa cidade".

Opinião semelhante tem uma estudante universitária de 20 anos cuja identidade será preservada. Residente próximo à esquina da Pedro Álvares Cabral com a Artur Bernardes, a jovem precisa passar pela Pedro Álvares Cabral todo dia, para chegar em casa. "Como estudo à noite, tento ao máximo usar a Almirante Barroso e só depois dobrar na Pedro Álvares Cabral. Mas não tem jeito. Só chego em casa se for por lá", relata, frisando ser um dos poucos moradores da área que não sofreu assaltos na área. "Aquela 'Ponte do Jacaré' é uma loucura, assaltam de manhã cedo, de tarde e à noite. A PM vive por aqui, mas não consegue fazer grande coisa", complementa a jovem.

Comerciantes e vendedores da área têm de conviver com bandidos

Quem depende da Pedro Álvares Cabral para sustentar suas atividades comerciais também já aprendeu a lidar com a situação de insegurança. Não é nada difícil ouvir relatos de vendedores que precisam "fazer amizade" com os bandidos para evitar investidas criminosas contra si, em especial nas áreas próximas à ponte do Canal do Galo ou à rodovia Artur Bernardes. O motivo: o reduzido efetivo de policiais que atua na área, em contraste com a atividade ininterrupta e crescente de assaltantes.

"O único jeito que encontramos de trabalhar aqui numa boa é se fazendo de amigo dos bandidos. Mas, claro, sempre com um pé atrás. É só você dar uma volta por aí - duvido que encontre uma casa ou loja sem gradeamento", diz C. A. V., de 50 anos, dono de um estabelecimento situado próximo à esquina com a rodovia Artur Bernardes. Morador da área desde a infância, o comerciante diz reconhecer as ações da PM para reduzir a criminalidade na área. O problema, segundo ele, reside na audácia dos criminosos.

"Eles assaltam à luz do dia mesmo, esperam uma brecha depois que as viaturas da polícia passam. De vez em quando ouvimos tiros e correria nesse sinal da Doutor Freitas, aí nos trancamos dentro de casa", comenta. "É terrível porque só vemos esse perigo aumentar. Não tem medidas para controlar a ocupação desordenada na Vila da Barca, no Barreiro, e isso só faz gerar mais crime, mais miséria e mais violência", opina C. A. V. "Pobreza e crime andam de mãos juntas por aqui".

O motorista de um caminhão que entrega bebidas na área da Sacramenta também falou à reportagem sobre as medidas para lidar com os assaltantes. "Não tem coisa pior que entrar na Pedro Álvares Cabral à noite. Como tem muitos bares nas transversais e esquinas, a gente sempre passa por aqui. Até conhecemos a cara de alguns bandidos, mas eles não mexem mais com a gente", diz. "Temos um segurança armado com revólver calibre 38 ao nosso lado, de dia e de noite. É pago pela própria empresa, senão o prejuízo pode acabar sendo muito maior", ironiza o motorista.

O risco também se estende para quem trabalha andando a pé pelos arredores da avenida. Vendedora itinerante de pequenos livros de poesia, a jovem Gisele Nazaré Gomes diz já ter sido assaltada próximo a uma parada de ônibus na esquina da Pedro Álvares Cabral com a travessa Djalma Dutra - outra área considerada crítica no trajeto da via. O crime transcorreu há pouco mais de duas semanas, à luz do dia.

"A rua estava meio 'morta', era início da tarde, e dois rapazes vieram com a mão dentro da blusa pedindo as coisas. Levaram meu celular, bolsa e parte do material que estava vendendo", relata. Acostumada a vender seus livros em várias ruas do centro de Belém, Gisele diz só continuar na Pedro Álvares Cabral por conta do retorno financeiro. "Ao menos até agora, ainda vale a pena. Mas não sei até quando dá para ficar a mercê de tanto assaltante por conta de um ponto de venda", completou a jovem.

1ª Zpol reconhece pontos críticos

Atualmente, o efetivo da PM lotado na 1ª Zona de Policiamento (Zpol) – que cobre a área dos bairros Val-de-Cães, Sacramenta, Barreiro e Telégrafo – é de cerca de 160 homens. Boa parte do contingente policial tem se concentrado nas imediações da Pedro Álvares Cabral – em especial nas esquinas das passagens Mirandinha e Santa Rosa, onde os assaltos registrados nas câmeras do Ciop ocorrem. “A verdade é que essa área, formada pelo perímetro entre o Canal São Joaquim e a Pedro Álvares Cabral, é o local em que mais temos concentrado esforços desde o episódio das câmeras”, diz o tenente Antônio Nonato, da 1ª Zpol.

O tenente confirma as informações da Polícia Civil de que 90% dos assaltantes da área são adolescentes. Por conta disto, um intenso trabalho de prevenção de criminalidade tem sido conduzido pela PM. “Todo dia temos entre três e cinco PMs fazendo policiamento a pé na área da ponte do Barreiro. Há, também, um PM Box situado a poucos metros da Pedro Álvares Cabral”, diz Nonato, frisando que, à época em que as filmagens do Ciop foram divulgadas, havia uma média de até quatro assaltos por dia no perímetro da avenida que corta o bairro do Barreiro. Atualmente, este índice caiu para no máximo uma ocorrência diária.

Na sexta-feira, 6, por exemplo, houve um roubo, praticado contra um pedestre. “Ainda não é o ideal, porque queremos chegar a um índice zero. Mas o nosso comando está empenhado em atingir esta meta. Já conseguimos coibir a criminalidade em outros trechos, e por aqui é uma questão de tempo. Já sabemos o modo de operação dos assaltantes”, relata. “Nosso foco não é em prendê-los somente, e sim ajudar na sua recuperação. Encaminhamos os adolescentes em atitude suspeita para os conselhos tutelares e centros de assistência social. Só assim haverá um resultado de longo prazo”, conclui o tenente Nonato.

Alguns trechos perigosos da Pedro Álvares Cabral

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Esquina com avenida Júlio César

O cruzamento situado no bairro de Val-de-Cães é rota obrigatória para quem precisa ir ao aeroporto, o que já o torna atrativo para assaltantes. Os grupos criminosos vêm da área do Canal São Joaquim para fazer arrastões; dificilmente investem contra uma só vítima, já que a área é muito movimentada. No local, havia um sinal de quatro tempos cujo tempo de espera era imenso. Com as obras do Ação Metrópole, o cruzamento será transformado em um anel viário, sem semáforo. Mas o risco se mantém, ao menos por enquanto: a rotatória instalada provisoriamente possui várias lombadas e faixas de pedestres que obrigam o condutor a reduzir a velocidade.

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Ponte do Barreiro e imediações

É, provavelmente, o trecho mais crítico de toda a via. Os cruzamentos com as passagens Mirandinha, São Benedito e Santa Rosa e com a travessa Barão do Triunfo oferecem bons pontos de escape para os bandidos, em especial os que vêm do Barreiro para praticar assaltos na área. Pesa contra as vítimas que passam de carro o fato de que a ponte do Barreiro tem certo desnível em relação à pista, o que as obriga a reduzir a velocidade. Também fica no cruzamento com o canal do Galo, por onde passa a ponte, a famosa feira "Robauto", onde são comercializados produtos roubados e contrabandeados.

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Esquina com rodovia Arthur Bernardes

Outro ponto crítico que a polícia já identificou é este, que coincide com o fim do binário Pedro Álvares Cabral-Senador Lemos. A proximidade com o bairro do Barreiro e com comunidades carentes como a Vila da Barca deixam a área bem suscetível a assaltos à mão armada. Além disso, o sinal de três tempos do cruzamento deixa motoristas em situação vulnerável. A situação, porém, ocorre não só na esquina com a rodovia como também nas travessas Coronel Luiz Bentes, Magno de Araújo e Djalma Dutra, já às proximidades do bairro do Umarizal.

domingo, 1 de novembro de 2009

Pontos de ônibus viram alvo de ação criminosa

Paradas mal iluminadas e situadas em locais ermos viram foco de assaltos e agressões nos quatro cantos de Belém

GUTO LOBATO
Da Redação

(Jornal Amazônia - Edição de 01/11/2009)

É bem verdade que a violência urbana traz, consigo, uma série de restrições à liberdade da população. Não bastasse o perigo de pegar um carro e dirigir à noite ou caminhar a pé por ruas desertas, no entanto, há um novo alvo da ação de criminosos que tem chamado a atenção nas estatísticas policiais da capital: os usuários de transporte público. Não só utilizar, como também esperar pelos ônibus nos pontos distribuídos nas vias da Região Metropolitana de Belém pode significar um risco, principalmente em horários intermediários ou em ruas de bairros vulneráveis à ação de bandidos – no centro ou na periferia.

Não há estatísticas oficiais em relação a crimes cometidos nas paradas de ônibus da grande Belém. As polícias Civil (PC) e Militar (PM), no entanto, já reconhecem os pontos de maior incidência de assaltos e seus respectivos horários. Os dados sobre esta modalidade se resumem, regra geral, a relatos informais, assim como nos casos de assaltos a ônibus; quase todos impressionantes por conta da audácia e agressividade dos criminosos.

O motorista Júlio (nome fictício), residente em Belém, faz parte do grupo dos que já foram vítimas dentro e fora dos coletivos. Em 2005, ele foi violentamente espancado a pauladas por dois assaltantes em uma parada de ônibus situada na avenida Pedro Álvares Cabral, no bairro do Telégrafo. A agressão foi por conta de uma reação do motorista a um assalto.

Dois homens sem camisa e armados com pedaços de pau o abordaram, por volta de 22h, pedindo dinheiro para comprar droga. “Mostrei que só tinha o vale-transporte, mas eles insistiram, disseram que queriam comprar ‘noia’. Só tinha um relógio recém-comprado e não quis dá-lo. Tentei fugir, mas eles me jogaram no chão e começaram a me espancar. A rua estava vazia, gritei mas ninguém ouviu”, conta.

A sessão de espancamento só parou depois que, de forma surpreendente, um casal que vinha pela Pedro Álvares Cabral decidiu ajudar Júlio. Um homem não identificado desceu do carro, disparou para o alto com um revólver e resgatou o motorista. “Estava quase inconsciente, minha cabeça ficou aberta, um ferimento de seis pontos que sangrou muito. Esse casal me pôs no carro e me deixou na porta do Pronto-Socorro da 14 de Março”, diz. “Se não fosse por eles, teria sido morto. E o pior: por nada”, acredita.

O outro assalto que o motorista sofreu foi há cerca de dez anos. Ele foi agredido por bandidos que invadiram um coletivo em frente ao Teatro da Paz, na Praça da República, e levaram o veículo até a passagem Jabatiteua, na fronteira dos bairros de Canudos e Terra Firme.

“Eram quatro homens armados. Sem querer, olhei no rosto de um deles. Acabei levando uma coronhada de revólver no supercílio. Sangrei até me deixarem no Pronto-Socorro, outra vez”, relata. Hoje, o motorista luta para que o medo não lhe impeça de transitar pela rua normalmente. “É difícil, porque a gente fica com a impressão de que pode ser atacado a qualquer hora. Seja no ponto de ônibus ou dentro dele”.

Atenção dos pedestres é essencial, afirma delegado

Relatos como o de Júlio não são nada difíceis de encontrar, em especial para quem fica à espera dos coletivos em pontos mal-iluminados e de localização crítica. Entre as vias arteriais que mais têm sido alvo da ação de bandidos estão avenidas como Perimetral (no bairro da Terra Firme), Pedro Álvares Cabral (Telégrafo/Barreiro/Sacramenta), Roberto Camelier (Jurunas), Independência (Cabanagem/Coqueiro) e Júlio César (Val-de-Cães), além das rodovias Augusto Montenegro, Mário Covas, Transcoqueiro e BR-316.

Essenciais ao acesso e saída da capital do Estado, vias como essas são constantemente vistas nas páginas da imprensa como pontos de assaltos a passageiros de coletivos e pedestres. Mesmo assim, autoridades consideram que não há como eleger uma ou outra zona crítica; o delegado de Polícia Civil Sérvulo Cabral é um dos que veem o crime de roubo como uma constante nas estatísticas de criminalidade da grande Belém.

“Pensando sob a ótica dos criminosos, uma parada de ônibus nem seria um bom local para cometer crimes, já que elas geralmente ficam movimentadas. Mas, claro, há casos em que a pessoa fica sozinha à espera do ônibus em um ponto mal-iluminado e ermo, o que atrai os assaltantes. Mas, de forma geral, isso é um reflexo da violência que está nas ruas, não é algo que se aplique apenas aos pontos”, aponta.

Diretor da Seccional Urbana da Sacramenta, que cobre as ocorrências de bairros como Val-de-Cães, Barreiro e Sacramenta, o delegado Cabral aponta que operações da Polícia Civil têm conseguido coibir o crime em áreas “vermelhas”; porém, a especialização do crime torna tal trabalho um desafio diário. Não somente para as autoridades, como também para a população.

“A ideologia do crime mudou. Hoje dificilmente vemos crimes sem planejamento, mesmo os mais simples. Os assaltos em pontos de ônibus, muitas vezes, resultam de um bom tempo de observação. O bandido passa desarmado no local e avisa os comparsas, que trazem as armas para consumar o assalto”, diz. “Por isso sempre dizemos que a polícia faz sua parte, mas a população precisa estar atenta. É sempre bom olhar à sua volta e ver se tem alguém estudando o ambiente. Os roubos, de forma geral, têm muito a ver com nosso descuido”, completa Cabral.

Policiamento velado e rondas a pé coíbem investidas no centro

Bairros como Comércio, Campina, Cidade Velha e Reduto, localizados no centro comercial e histórico de Belém, são tradicionalmente críticos no que se refere a furtos e roubos. Por conta disso, a 6ª Zona de Policiamento (Zpol) da PM, destacamento responsável pela cobertura do centro da capital, é uma das que mais investe em ações preventivas, como rondas a pé e o uso do policiamento “velado” – leia-se à paisana.

O capitão PM Vicente Neto, comandante da 6ª Zpol, diz que há dados que apontam a maior incidência de assaltos e agressões físicas em horários intermediários – entre 12h e 13h ou entre 18h e 19h, por exemplo. “É a hora em que as pessoas estão na pausa do almoço ou voltando para casa. O curioso é observar que, dependendo da situação, os assaltantes agem de uma forma. Com movimento, furtam ou atacam dentro dos coletivos. Se estiver mais vazio, cometem assaltos e agressões físicas no meio da rua mesmo”, revela.

Dos bairros da região central de Belém, um dos mais críticos é o da Campina, que, só em 2008, registrou mais de 5 mil ocorrências – cerca de 70% associadas ao roubo. Índice semelhante ao de bairros como Telégrafo e Sacramenta, por exemplo, que contêm várias áreas classificadas como críticas pela polícia. A forma de tentar reverter estas estatísticas, segundo o capitão Vicente, possui caráter preventivo.

“Hoje, vemos que às vezes não é preciso fazer alarde, e sim entender a mente do bandido. Temos nossos métodos de evitar o crime ao invés de simplesmente combatê-lo. Em relação às ações em paradas de ônibus, por exemplo, contamos com o policiamento velado. Diariamente há PMs à paisana estudando a ação de descuidistas e assaltantes nessas áreas em que, por vezes, o usuário de transporte público fica desprotegido”, comenta o comandante da 6ª Zpol.

Situação na Seccional do Guamá também é crítica

Não é apenas o cidadão comum que sofre com as investidas de bandidos nos pontos de ônibus da capital. Os servidores de Polícia Civil lotados na Seccional Urbana do Guamá, situada na esquina das avenidas Tucunduba e Perimetral, têm sido alvo de constantes assaltos desde o final de julho deste ano. O motivo: desde que o terminal de ônibus da avenida Tucunduba foi inaugurado, a parada que havia em frente à seccional foi extinguida.

Com isso, os funcionários precisam atravessar a ponte sobre o rio Tucunduba para pegar algumas linhas; e, é claro, o movimento logo ficou bem conhecido pelos assaltantes. Tanto que os servidores chegam a solicitar escolta policial para ir pegar ônibus após um dia de expediente. “Quando é de noite, providenciamos alguma ajuda para fazê-los ir até a parada sem correr riscos. Esta é uma área muito perigosa”, diz a delegada Cynthia Viana, da seccional.

Bairro com maior histórico de violência de Belém, segundo dados do Sistema Integrado de Segurança Público (Sisp) referentes ao ano passado, o Guamá é, também, o que mais registra ocorrências por roubo. Das 7 mil ocorrências registradas na seccional do bairro, nada menos que 3 mil são associadas ao crime de roubo. Muitos deles praticados em paradas de ônibus situadas à beira das avenidas Bernardo Sayão e Perimetral, que ligam o bairro ao centro da cidade.

ALGUMAS DICAS DE SEGURANÇA

* Atenção com os bolsos e bolsas – Mulheres costumam liderar nas ocorrências de roubo por conta das bolsas, mais fáceis de roubar que as carteiras ou mochilas masculinas. Por conta disso, é importante manter a bolsa bem colada ao corpo – com as alças bem apertadas e os braços fechados –, de forma a evitar puxões. Para os homens, a melhor dica é evitar pôr a carteira no bolso de trás. Assim, evita-se a ação de descuidistas;

* Não desperte a cobiça dos bandidos – Andar pela rua ouvindo música é um direito de qualquer cidadão, é verdade. Mas, para evitar problemas, não custa nada evitar fazê-lo em horários e locais ermos, especialmente se estiver sozinho. Da mesma forma, evite falar ao celular, mexer em aparelhos eletrônicos ou tirar a carteira do bolso quando estiver na rua;

* Mantenha-se sempre atento – A dica é válida tanto para paradas de ônibus quanto para caminhadas na rua em geral. Olhar à sua volta é a melhor arma para evitar as investidas de bandidos, desviando o caminho, entrando em uma loja ou escolhendo outro ponto para pegar um ônibus, por exemplo. “A observação do pedestre é fundamental e capaz de evitar várias modalidades de crime”, aponta o delegado Sérvulo Cabral;

* Melhor estar acompanhado – Pode até contrariar um velho ditado, mas estar só na rua – em especial no horário de almoço ou à noite – é bem pior que ter uma companhia indesejada. “A maioria dos assaltos ocorre contra pessoas que estão sozinhas. São alvos mais fáceis e que dificilmente põem o assaltante para correr”, explica o capitão Vicente, da 6ª Zpol. Tente andar sempre em grupos – e, se estiver sozinho na rua à noite, não tenha vergonha de seguir um grupo que anda à sua frente;

* Evite paradas vazias e mal iluminadas – Já que às vezes é inevitável pegar ônibus em pontos de “zonas vermelhas”, o jeito é escolher bem em qual parada ficar. Evite as que ficam situadas em áreas escuras ou com pouco movimento, especialmente à noite. Como o pedestre está parado e indefeso diante da ação de bandidos, é preciso reduzir as chances de cair nas mãos deles;

* Muito cuidado à hora de pegar o ônibus – O linchamento recente de um adolescente que subiu em um ônibus e tentou assaltar passageiros na Pedro Álvares Cabral mostra que a violência nos pontos também invade os coletivos. Por conta disso, repare bem em quem está subindo no ônibus junto a você. A polícia avisa que, em alguns casos, os assaltantes preferem agir nos coletivos – em especial quando as paradas ficam em áreas de muito movimento. Em caso de haver alguém suspeito, espere outro ônibus e ligue para a polícia para que a situação seja averiguada;